quinta-feira, novembro 26, 2009

Vou te Viver.

Se as histórias que eu conto,
São aquelas que eu vivi.
Quanta vida eu terei tido.

Mas se a vida que eu vivo,
São as histórias que eu contei,
Quantos acontecimentos eu terei passado.

Contudo, se as histórias que eu contar,
For aquilo que eu escrever,
Aí, sim, terei algo para viver.

sábado, novembro 07, 2009

Reticências.

Às vezes é necessário dar um tempo.
Quando as coisas fogem do controle.
O descontrole não é natural.

Para isso existe a razão,
E razão é amiga da natureza.
É uma razão naturalmente construída.

Mesmo que ela não seja inata,
Ela segue conosco por toda a vida.
Porque ela é a vida.

E a vida não quer a morte.

Mas na vida tudo segue, não pára.
Num fluxo contínuo

Pense nisso...

sexta-feira, junho 26, 2009

Dois Botões em Flor.

Encontravam-se numa mesma planta,
Dois botões em flor distintos.
Um era velho, mas pensava que era novo.
Outro era novo e sabia, realmente, que o era.

Com a chegada do inverno,
Esses dois botões,
Por ironia do destino,
Tocaram-se levemente.
Desencadeando dois tristes acontecimentos.

O botão velho que pensava que era novo,
Se corroeu por dentro, mas ainda permaneceu,
Com sua aparência externa.

O botão novo, que sabia que era novo.
Foi consumido de fora para dentro.
Não restando mais nada,
De seu potente aspecto.

Em resumo:
O botão novo nasceu abortado,
E o botão velho segue morto.

Demonstrando a nós como a vida pode ser destruída de várias maneiras.

(Baseado em fatos reais.)

segunda-feira, junho 01, 2009

Poderia ser tudo isso, Ou Dissonante.

Poderia ser pela distância,
Já que um oceano nos separa.
Poderia ser pelo tempo,
Já que o calendário não nos favorece.
Poderia ser pela infidelidade,
Já que fatalmente encontraremos outras pessoas.

Mas não, na verdade não é nada disso.
Não é por mim, nem por você.
Muito menos pelo término de nossa relação,
Pelo fim de nosso fulgurante e longínquo amor.

Bem, na verdade, na pura e absoluta verdade,
Estou mentindo e me desdigo desde já,
É por todos esses fatos incluídos e sintetizados,
Num único instrumento simbólico.

Um violino,
Que apenas toca uma nota,
Um tortuoso e dilacerante dó.
O dó que todos nós sentimos no peito,
Quando um amor tão grande assim se finda.

(Dedicado à Carla Martins)

terça-feira, abril 28, 2009

Onde está a Felicidade?

Você sai pelas noites, bem freqüente,
Já com raros sinais de sobriedade,
Somente vê bebida a sua frente,
E esta desce com facilidade.

E pensa sempre com seriedade:
Onde está a felicidade?
Onde está a felicidade?

Mesmo que alegria brote de repente,
No mesmo instante morre sem dificuldade,
Uma piada pode fazê-la presente,
Mas não é nada mais que leviandade.

E pensa sempre com seriedade:
Onde está a felicidade?
Onde está a felicidade?

E beija mais uma pretende,
Embora não passe de fugacidade,
Pois sabe o amor está ausente,
Assim como, também, fidelidade.

E pensa sempre com seriedade:
Onde está a felicidade?
Onde está...?

Poema-paródia de livre adaptação da música de Noel Rosa: “Onde está a Honestidade?”

sexta-feira, março 27, 2009

Abridor

Abridor,
Que minha vida precisa de mais uma dose.
Sei que ela não pode curar,
Mas é melhor que viver sempre triste.

Abridor,
Que essa mágoa,
Que trago em meu peito,
Me arrasta pra solidão.

Abre dor,
Porque uma dor quando aberta,
Não mata.

Apenas soa,
Como uma garrafa:
tsssssss

- “Garçom enche o copo, por favor!”

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Nasce uma Estrela

De que é feito uma estrela?

Por certo de tudo um pouco,
Do todo que existe no universo.
Todos os elementos da tabela periódica,
E os que ainda estão por desvelar-se.

Até mesmo por aquilo que não se pode proferir.

Uma estrela nasce do silêncio,
Entre o nada e um estrondo ensurdecedor.
Pela surdez, nasce o silêncio e a estrela.

É bem provável,
Que depois do terceiro sinal,
[Depois do nada, do estrondo e da surdez]
Uma estrela apareça, diante de nossos olhos.

Todavia, não nos olvidemos da distância.
... Dos anos-luz, que ela percorre,
Até chegar as nossas córneas.
E quando chega, chega também o seu brilho!

O brilho é o ápice do espetáculo,
Quando todos podem ver,
Que ali há deveras uma estrela,
E que ela brilha, mesmo depois do silêncio e do nada.

Quando uma estrela pára de brilhar,
Fecham-se as curtinas da existência,
Mas ela não morre,
Renasce nas palmas do público!
Até que se comece outro espetáculo.

De que é feito uma estrela?
Uma estrela é feita de poesia,
Do nada, nasce do som ensurdecedor,
Dos aplausos do público.

Nada é mais poético para ela,
Do que estas palmas,
Que lhe dão a vida.
Porque é vida.

E poesia, como a vida,
Não se pede, se conquista.