segunda-feira, agosto 01, 2011

Nastássia Filíppovna: Liberdade.

Sem dar-lhe o direito de escolha,
Introjetou-a em seu mundo,
Esperando, sorrateiro, que ela,
Seguisse suas regras, e lhe amasse.

Porém, depois de criada,
Refez-se, por si mesma.
E tomou a vontade,
Como seu único objetivo...

Quase tudo era permitido:
Sexo, raiva, violência,
Transgredir era sua norma.
Tudo além, repressão.

O desejo era sua marca,
Mais profunda.
Desconhecia limites,
E aqueles que reconhecia,
Desprezava, depravava.

Hoje vive como quer,
Não mais por sua vontade,
Mas para saciar a vontade dos outros,
Muitos outros.
Agrada-lhe ser objeto, abusada, abjeta.

Em seus gestos, um ideal:
Poder ser amada e corresponder,
Aos desejos de seu criador.

segunda-feira, julho 18, 2011

Paraíso.

O deserto se faz presente,
E invade os pulmões,
Já quase secos.
O que torna o ar candente e salgado.

A poeira toma conta das veredas,
A rapinagem luta contra e com a morte.
Tudo mais parece estar a sua própria sorte.

No entanto, a vida pulsa revigorada!
Por mais que não chova há meses,
Mesmo que tudo pareça ser solidão.

Eis que na dor infinita do próprio ser,
Germina em potência sua finalidade,
O encontro, que o liberta de si.

Sai-se calor abrasador incrustado na rocha,
Para mergulhar num banho refrescante e rico,
Na profunda piscina da solidariedade...

quarta-feira, março 23, 2011

Samba de Choro.

Sozinho...

Se eu choro por ti,
E tu choras por mim...
Eu com esses prantos,
Sinto um facho de alegria.

Pois essas queixas...
...que são saudades,
Marcam que queres,
Estar em minha companhia.

Entretanto...

Se em meu rosto,
Correm gotas solitárias,
Quanto desgosto,
Porque essas lágrimas,
São pra mim como navalhas.

Que cortam profundamente,
Rasgando o coração,
Sendo assim tão renitente
Repartindo a relação,

Que um dia eu sonhei,
Que desde então chorei, chorei,

E sozinho...

sábado, novembro 20, 2010

Nunca termina.

Os homens quase nunca terminam.
Digo quase nunca,
Porque existe apenas um motivo,
Que os levam a fazer isto.

Na verdade, esse motivo,
Pode ser divido em dois.
Mas que no fim,
Se entrelaçam num único feixe.

E o único dúbio motivo,
Que faz os homens terminarem,
Com suas preciosas mulheres,
É nada mais, nada menos que a traição.

Um homem traído,
Se sente menos homem,
E ser menos homem,
Acaba com a macheza,
Que é a arma andrógena.

E é por perder essa tal arma,
A arma da alma masculina,
Que é a macheza,
Que os homens buscam outras armas,
Mais concretas, para matarem ou morrerem.
Porque pensam que assim, limparão suas honras.

Mas talvez, pior que a traição concreta,
Seja a dúvida da traição...
Essa mata mais que a certeza, com certeza!
E é o outro motivo pelo qual os homens,
Terminam com suas preciosas mulheres.

Pior que saber que se foi traído,
É ter a leve impressão de sê-lo.
E antes que se mate ou morra,
Por apenas uma dúvida.

Os homens preferem matar a relação.
Não lavam sua honra com sangue,
Porque assim, não há nada para ser lavado.
E saem por cima com sua macheza.

Sem esses dois motivos, que de fato, são um,
Não há para os homens, uma só razão,
Que os levem a terminar qualquer relação.

Uma relação por pior que seja,
Ainda é útil para os homens.

Mesmo que uma mulher seja feia,
Mesmo que uma mulher seja confusa,
Mesmo que uma mulher seja chata,
Mesmo que uma mulher seja ignorante,
Mesmo que uma mulher seja abstêmia,
Ou mesmo que ela more longe.
Ou ainda por qualquer outra razão.

Nada disso leva aos homens,
A se separarem de suas preciosas mulheres.

Se separar de uma mulher,
(Sem que esta o tenha traído)
Seria jogar o ouro fora,
Só porque este está cheio de poeira.

Então, uma mulher é como ouro,
Sempre é bom ter guardado,
Em caso de turbulência de mercado.
Como garantia para o futuro.

Por isso homens nunca terminam,
E eu como homem,
Também nunca termin...

terça-feira, agosto 17, 2010

Socráticas ou Satíricas?

Todos nós queremos a vida,
Sempre!
Porque é com a vida que podemos,
Desejar, conquistar e gozar.

A conquista do desejo.
Mos traz um grande prazer.
Tendo aqui, o finalizar de um ato.
A atualização do desejo cessa a potência do querer.

E queremos sempre mais,
Sempre mais, sempre mais, mais, mais.

A mensuração do que é maior:
O prazer ou a vontade?
É uma questão semelhante,
Com a do ovo e da galinha.

Porém a vida pode ser classificada,
De boa ou de ruim,
Pela quantificação do prazer que se teve.

Mas há uma ressalva!
Não há maiores problemas,
Em se viver uma vida prazerosa e gozadora,
O problema é quando a busca do prazer não o sacia.

Logo, a potência não se atualiza,
E o circuito não se fecha.
Mas o que se abre é a angústia.

A angústia é a porta de entrada para a dor,
Sendo assim, a busca do prazer insaciável,
Do prazer exacerbado,
Causará na verdade,
O desprazer,
Seguindo a ele a dor.

A dor da incompletude da vida,
Uma dor que se abre e não se fecha,
Porque nada mais a alimenta.

quarta-feira, julho 07, 2010

ERIKA NATHASHA: Terrorista ou Cineasta?

Compreendê-la é qualquer coisa,
De incompreensível.
Melhor mesmo é deixá-la,
Falar...
E que fale!

Fale de tudo o que ela passou,
De tudo o que ela viveu,
De tudo o que ela quer viver,
Que fale de tudo!

Afinal ela é uma artista!
Artista dos filmes de Almodóvar,
Embora suas histórias,
Sejam mais cabíveis,
Num thriller de Tarantino.

Mesmo que algumas partes,
Pareça-nos uma menção a Woody Allen.
Vos digo, nem tudo é o que parece.

De certo, tudo é um mix,
De Faroeste Caboclo,
Com a vida de Frida Khalo.

E quando você perceber isto,
Já vai ser tarde demais...

Já estará entretido,
Com suas histórias,
Suas vidas e suas memórias.

Porque ela pode se perfazer,
De vários modos,
Mas sempre haverá uma essência,
De ser sempre muito,
MUITO!

sexta-feira, junho 18, 2010

TIM TIM

La elegía de la cerveja

Soa os copos em alguma mesa de bar
burbujas y rostros se prefiguran mientras se escucha un tim tam
é o inicio de tudo... dois sons que mais parecem a mais bela sinfonía
acordes se encabalgan. Giros acuáticos comienzan.

Nos metemos assim num oceano de tom amarelado
medusas eléctricas, tim tim, repican como campanas
nos deixando assim atordoados
amarillos los ojos, cerebro amoratado.

Tim tim: o som com o qual afogamos nossas mágoas e banhamos nossas alegrias...
¡oh! existencia hedónica, dionisiaca y epicúrea nos consagra
dê-nos tua força para atravessar este oceano!
peregrinaje en caminos de cebada, tim tim, levadura va a evacuar: a vida mesma.

Autores: Rafael Barreto
Zahira Rico